É uma verdade universalmente reconhecida que uma jovem dos trópicos passará por um momento de confusão em que terá a certeza inabalável de que “Little Women”, “Pride and Prejudice” e “Jane Eyre” são todas obras da mesma época e lugar.
Não?
Essa semana, num esforço para me confortar e aguardar essa primavera londrina que nunca chega, comecei a assistir a versão da BBC de Little Women (2017). Uma delícia, não é?
Não por acaso, primeiro, tinha re-assistido Razão & Sensibilidade pela 12.765.927.654 vez. Como sempre, depois de um bom filme baseado na obra da Jane Austen, tenho esse impulso de procurar por outros filmes/livros de época.
Explorando o meu feed, encontrei essa versão de 2017 (eu sempre na vanguarda, não é mesmo? risos) de Little Women, com a Maya Hawke e a incrível Angela Lansbury.
Pensei: por que não?
No início do primeiro episódio, eu já estava totalmente capturada pelo landscape maravilhoso. O inverno, a lareira, as roupas, as casas lindas… eu ali, desejando um chalé para chamar de meu, e pensando na maravilha de se estar em um tempo onde tudo era mais lento, ‘pré revolução industrial…’
Foi aí que me atinei do esforço mental que tive que usar para lembrar que…
Não! Little Women acontece em um mundo totalmente industrializado, a mãe precisa pegar um trem para visitar o marido doente em plena guerra civil.
Esse é um romance que se passa nos Estados Unidos, entre 1861 e 1865. Não estou mais na Inglaterra, aristocrática e rural. Foi um esforço para lembrar disso, confesso.
E foi esse empenho para colocar os diferentes filmes em seus diferentes tempos que me fez pensar da minha adolescência. Na certeza inabalável que todas tinha de que essas histórias - tanto Razão e Sensibilidade quanto Adoráveis Mulheres - faziam parte do mesmo lugar, sociedade e tempo.
Tolinha.
Quando assisti Little Women em 1994, na inocência dos meus 18 anos, eu estava numa fase cinematográfica, “clássicos da literatura”, e, de alguma forma, Jane Austen, as irmãs Brontë e Louisa May Alcott caíram todas no mesmo saco. Talvez não como escritoras, mas as suas histórias certamente.
Gente, foi só eu? Acho que não.
Hoje em dia é tão claro para mim que essas são histórias se passam em países diferentes e em tempos diversos. E mais, tratam de camadas da sociedade diferente.
Universos tão distantes e um jeito de pensar tão diverso.
Eu podia desenvolver toda uma teoria sobre essa minha maneira juvenil de colocar todas as adaptações desses clássicos em um único “saco”, mas não vou.
A gente volta nessa conversa mais tarde. Por hora, prefiro voltar aos filmes.
Adorei, Rapha! A confusão Jane Eyre x Jane Austen é uma caso a parte...