Minha relação com Jane Austen em 10 pontos:
Livro preferido: Persuasão
Personagem mais querida: eu sempre achei que fosse Anne Elliot (Persuasão), mas meu carinho por Emma Woodhouse aumenta a cada ano
Personagem que ama odiar: Mary Crawford (Mansfield Park)
Um conselho à la Jane Austen para seguir: ande. Eu acho que ela diria algo assim: "If wit is not enough to handle the matter, you should go for a walk."
Um fato surpreendente sobre a vida de Jane Austen que te fascina: ela teve uma vida social mais agitada do que imaginava a princípio
Qual sua palavra Austeniana favorita: são tantas! Uma que me deixa sempre feliz é: "Barouche" - um dos tipos de carruagem da época. Não tem muita explicação, mas experimente dizer em voz alta… É pura felicidade austeniana ;)
Qual sua passagem preferida de qualquer um dos livros dela: "Obstinate, headstrong girl!" (Orgulho e Preconceito)
Onde você levaria Jane Austen para passear: Londres! Ontem, hoje e sempre! Imagina andar pelas ruas de Londres conversando com ela
Com qual personalidade da atualidade podemos comparar Jane Austen: sinceramente? nenhuma. Mas eu li uma comparação da obra dela com a da Sally Rooney, no começo não entendi, mas hoje acho que faz algum sentido.
Que livro você daria de presente para Jane Austen: se fosse para a Jane de 1790, eu daria o livro da Mary Wollstonecraft - só para a gente ter certeza de que ela leu. Já se fosse para uma Jane de 2023, eu daria "O Casa dos Budas Ditosos" - para ela se divertir e se chocar um pouco… só um pouco.
Vamos às apresentações oficiais. A ideia aqui é contar um pouco da minha história pessoal e como Jane Austen chegou na minha vida.
Pois…
Aqui é Rapha Perlin. Olá! Prazer! Eu nasci no Rio de Janeiro. Entre o mar e as pedras, como gosto de lembrar sempre. Não tinha dimensão do quanto essa paisagem iria marcar a minha psicologia até me mudar de continente. Por isso digo, apesar de longe, adoro essa parte da minha história. Depois de um ano morando em Rotterdam (Holanda) e agora em Londres, o Rio ainda continua sendo minha primeira casa. A lembrança dele está nas minhas referências, no meu repertório e no meu sotaque.
Eu me formei em Letras pela PUC-Rio e, no dia seguinte (literalmente), quando fui devolver um livro na biblioteca, acabei sendo chamada para trabalhar com Educação a Distância e Design Didático na mesma Universidade. Eu aprendi tanta coisa com esse trabalho. Eu trabalhei com cursos e formação on-line quando quase ninguém sabia do que se tratava. Quando a internet ainda fazia barulho antes de começar a funcionar. Viajei pelo Brasil capacitando professores. Trabalhei com todo tipo de curso, com muita gente especial. Foi único.
Além do trabalho em si, depois de dois anos, tive a oportunidade de fazer uma segunda graduação Foi assim que comecei a estudar História. Um sonho adormecido de anos. Eu sempre gostei de ser estudante, e, quando a oportunidade apareceu, peguei ela com força.
Em 2011, decidi montar um blog despretensioso chamado "Passando a Viagem". O objetivo era falar um pouco das minhas experiências como viajante. Sabe aquele e-mail com dicas de viagens para amigos? Pois é, virou blogspot, e meu primeiro hobbie aos poucos foi saindo do controle. Depois de anos na PUC-Rio, eu troquei a EAD (Educação a Distância) pelo mundo.
Com o tempo e muitas mudanças, em 2014, o tal do blog despretensioso ganhou um novo nome, "Raphinadas" e se tornou um site “profissional”. Foi nesse momento que comecei a trabalhar com roteiros personalizados. Eu me especializei em guias históricos e gastronômicos para Paris e Tokyo - as cidades que visitava todo ano e inúmeras vezes.
Foi muito interessante misturar a minha experiência em EAD com a minha formação em História e Literatura para entregar para as pessoas roteiros de viagem refinados e ricos em termos culturais e logísticos. Eu fiz roteiros para pessoas interessadas em descobrir registros de uma Paris medieval, em achar informações sobre arquitetura art nouveau, uma Tokyo gastronômica etc. Cada roteiro feito eram dias de pesquisa e estudo.
Em 2016, graças ao acaso e ao meu ex-marido, eu me mudei para Holanda. Um pouco antes do meu aniversário de 40 anos. Foi um ano de adaptação. Difícil.
Em 2017, o inimaginável aconteceu. Eu vim morar em Londres e, junto com a nova mudança, chegou uma crise existencial. Daquelas brabas! De doer fundo no peito, de não querer se mexer - de paralisar. Imaginem isso para uma pessoa que vive de viagem?!
Aos poucos, no meio de toda confusão, entre mudanças e adaptações, finalmente me peguei com aquele sentimento de "em casa". Parei de viajar. Parei de fazer roteiros personalizados e só fui deixando o tempo passar. Comecei a me apaixonar por Londres e pela Inglaterra em geral.
Depois de um ano olhando e estudando a cidade, senti que podia trabalhar como guia por aqui (Londres) e oferecer algo com a minha marca. Até então, contudo, não pensava na Jane Austen como um objeto de interesse ou investigação. Era tudo sobre Londres e os Vitorianos. Eu passei um ano obcecada com eles.
Eu lembro de crescer assistindo filmes baseados nas obras da Jane Austen. Lembro de uma tarde em que cabulei aula assistindo Emma (versão de 1996) no cinema. Esse dia foi importante. Mas até então, o que tinha era uma escritora intermediada por filmes ou séries. Uma Jane Austen Hollywoodiana, um misto de escapismo histórico e casamentos felizes.
Eu tinha lido "Razão e Sensibilidade" em algum momento da adolescência, mas confesso que não lembro nem se cheguei ao final da leitura. Ou seja, o meu primeiro contato com a obra não foi mágico ou especial, mas totalmente esquecível.
And then enters Heloisa… (e aí Heloisa entra em cena).
Amigos podem mudar sua vida. A Helô mudou a minha no dia em que me emprestou o livro Secret Radical para ler. A gente começou a conversar mais sobre a Jane (intimidade é uma coisa), sobre feminismo, sobre como ela é muito mais do que esperamos quando começamos a descobri-la por conta própria.
Enfim, fiquei encantada com o livro e já emendei na biografia da Lucy Worsley - que é o meu clássico no kit "entenda Jane Austen por conta própria").
Um dia em 2018, a Helô me fez o convite: "Rapha, vamos fazer um tour sobre Jane juntas? Você fica com a parte histórica e eu cuido do resto".
E foi assim, gente… que a Jane entrou na minha vida. Foi quando comecei a estudá-la. A ler sobre a sua vida e obra. Foi quando eu e a Helô começamos a dar os nossos primeiros passos no que hoje se tornou o "Jane Austen: por trás dos romances."
O interesse virou amor. Uma missão (por mais que a Lolô não goste quando digo isso. Risos). "Um hobbie que saiu do controle" - essa foi a melhor definição que escutamos sobre o nosso projeto. Um tour que virou bookclub também, e depois podcast. E sabe lá o que vai virar no futuro.
A verdade é que é muito bom demais estar com a nossa Jane. Descobrir detalhes, novos olhares. Melhor ainda é trabalhar com a Helô. E com quem acha a gente pelo caminho.
Tem muita pessoa interessante apoiando esse projeto. Eu nem sei explicar, mas a gente se diverte, se emociona junto, se reapropria da verve Austeniana. Aí eu me apego, viu.
Quando penso nas pessoas que fizeram os nossos passeios, os book clubs… A Jane colocou todas essas pessoas na nossa vida. É insano, é sororidade pura.
É isso. Esse era para ser um texto sério, mas acho que acabou virando declaração de amor no final. Vou colocar essa na conta da Helô… e da Jane.
Que demais, meninas! Ja seguindo e amei!
👏❤️
Já amei!! Seguindo empolgada aqui!!! ❤️❤️